Não, você não leu errado. Um muro me ensinou lições valiosas sobre trabalho, vida e humildade.
Tudo começou com a minha adorável gatinha, a Filó (ou Filomena, quando ela está aprontando), decidindo virar exploradora do quintal. Apesar das telas de proteção, a danada achou uma rota de fuga. Então, lá fui eu, com toda a confiança de quem mal sabe apertar um parafuso, planejar um jeito de mantê-la em segurança. Criar uma barreira que a impedisse de sumir.
Primeiro passo: fotos e medições do local.
Segundo passo: compra dos vasos de planta na loja de jardinagem.
Tudo dentro do script de uma pessoa organizada. Mas é a partir daqui que a aventura começa.
Antes, deixa eu abrir um parênteses. Sou um menininho urbano: minha infância foi jogando Atari, assistindo Sessão da Tarde e, no máximo, fazendo pipas com papel de seda colorido (você me dá papel e tesoura e eu brilho). Carrinho de rolimã? Não. Ferramentas? Tão misteriosas quanto os controles de uma espaçonave. E furadeira? Bom, vamos dizer que meu histórico com ela não existia até aquele dia.
De volta ao meu projeto, lá estava eu com vasos, parafusos, buchas e a furadeira – protagonista dessa epopeia. Como gestor de projetos, tudo na minha vida vira um plano com etapas, metas e, claro, gargalos. Fixar 10 vasos em um muro não seria diferente.
Primeira etapa: planejamento.
Usei fita adesiva para marcar os locais dos furos, criando um “template” no muro. Confiante, comecei a furar. Aí veio o primeiro gargalo: minha genialidade em escolher uma broca menor do que a bucha. Resultado? Buchas destruídas e uma dose generosa de frustração. Depois de algumas tentativas (e muita teimosia), percebi que precisava de uma broca maior do que o parafuso. Eureka!
Próxima etapa: o inesperado teste de força.
Furar 20 buracos em um muro de cimento é basicamente um treino para as Olimpíadas da perfuração. Braços tremendo, suor escorrendo e, claro, furos descontrolados. Foi quando percebi o segundo problema: a profundidade dos furos. Alguns ficavam tão profundos que parecia que eu estava tentando atravessar o muro para o vizinho. Solução? Fita adesiva na broca para marcar a profundidade. Funcionou como um charme.
Duas horas, muitos furos e um hematoma na palma da mão depois, finalizei. Buchas encaixadas, parafusos no lugar e vasos pendurados (já com as mudas das plantas) com a precisão de um designer obsessivo.
A Filó segue segura (até ela descobrir como contornar os vasos), e eu ganhei um novo respeito por quem trabalha com cimento e tijolos.
Moral da história:
Não importa o quanto você estudou ou quanta experiência tem. Sempre vai surgir algo que você não sabe fazer. O segredo? Humildade para aprender e coragem para tentar (ou, no meu caso, coragem para encarar uma furadeira). Afinal, até um muro pode ensinar lições de vida – se você não tiver medo de errar (e se sujar no processo) e amanhar com dor nas mãos no dia seguinte.
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